O grupo interinstitucional NEVE (NÚCLEO DE ESTUDOS VIKINGS E ESCANDINAVOS, criado em 2010) tem como principal objetivo o estudo e a divulgação da História e cultura da Escandinávia Medieval, em especial da Era Viking, por meio de reuniões, organização de eventos, publicações e divulgações em periódicos e internet. Parceiro internacional do Museet Ribes Vikinger (Dianamarca), Lofotr Viking Museum (Noruega), The Northern Women’s Art Collaborative (Universidade de Brown, EUA), Reception Research Group (Universidad de Alcalá) e no Brasil, da ABREM (Associação Brasileira de Estudos Medievais) e PPGCR-UFPB. Registrado no DGP-CNPQ. Contato: neveufpb@yahoo.com.br

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

SEPULTURAS DE GUERREIRAS NÓRDICAS?


 

                                        Prof. Dr. Johnni Langer (UFPB-NEVE-VIVARIUM)

 

Existiram mulheres guerreiras na Era Viking? Essa é a pergunta central do artigo “Warrior woman in Viking Age Scandinavia?A preliminary archaeological study. In: Analecta Archaeologica Ressoviensia, Rzeszow 2013, Vol. 8, pp. 273-309, realizado pelo pesquisador Leszek Gardela.


Ele realiza uma síntese sobre as investigações arqueológicas envolvendo sepulturas femininas com armamento até o presente momento. Em primeiro lugar, nunca foram encontradas sepulturas femininas simples (com somente um corpo) com espadas – o principal símbolo marcial na Era Viking. Em algumas sepulturas foram encontrados vestígios de machado, em outras de lança. É possível que estes objetos não tenham sido utilizados em sentido prático e marcial – machados foram símbolos do culto a Thor e as lanças a Odin (ou associadas com bastões mágicos de ritos femininos). Não podemos esquecer que sepulturas são demarcadoras de crenças em vida após a morte – a conexão entre objetos e religiosidade é muito grande.


O tipo mais comum de objetos belicosos encontrados nas sepulturas são facas e punhais dos mais variados tipos e tamanhos – algo totalmente condizente com a maioria das sagas islandesas (especialmente as sagas de família). Foram utilizadas tanto para uso doméstico e no cotidiano das fazendas, quanto para matar pessoas (mesmo por mulheres, seja por vingança ou proteção). Também foram encontrados vestígios de projéteis de arquearia – condizente com caça e defesa feminina das comunidades, não necessariamente uso em guerra.


E Gardela também alerta para a problemática da interpretação dos vestígios arqueológicos no contexto funerário – não sendo “espelhos” da vida cotidiana (reflete muito mais as estruturas sociais, políticas e religiosas da comunidade que enterrou o defunto do que a vida cotidiana do defunto em si). Assim, ele afirma que os vestígios arqueológicos ainda não podem auxiliar a definitivamente conceder um quadro afirmativo para a questão da mulher ter participado ativamente de batalhas e expedições predatórias.


Ele mesmo afirma que a questão pode ter um contexto mais definido quando forem realizados exames osteológicos em corpos nórdicos encontrados mais recentemente – como nas mulheres sármatas (pesquisa efetuada pela arqueóloga Davis-Kimball na região da Ásia Central), onde foi comprovada em exames dos ossos que elas estiveram em diretamente em batalhas (como cortes, fraturas e sinais de contusão causados por armamentos bélicos do período). Mas até o presente momento, a Arqueologia não comprova a questão para a área escandinava, que está em aberto. Gardela promete novas publicações sobre o tema para 2016.


PARAACESSAR O ARTIGO ORIGINAL, CLIQUE AQUI